Porque o dólar sobe? | RDNEWS
Rodinei Crescêncio
A alta do dólar tem sido um fenômeno global, influenciado por diversas ações dos Estados Unidos e fatores internos de cada país. Nos últimos anos, o dólar tem se valorizado significativamente, afetando economias ao redor do mundo, incluindo o Brasil.
A política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, tem sido um dos principais fatores na valorização do dólar. Desde 2022, o Fed tem aumentado as taxas de juros para combater a inflação, elevando-as para o intervalo entre 5,25% e 5,50%, o maior patamar desde 2001. Taxas de juros mais altas atraem investidores para ativos denominados em dólares, aumentando a demanda pela moeda e, consequentemente, seu valor.
Além disso, a economia dos EUA tem mostrado resiliência, com um mercado de trabalho aquecido e uma atividade econômica robusta, o que reforça a confiança dos investidores no dólar como um porto seguro em tempos de incerteza.
O Brasil tem sido particularmente afetado pela alta do dólar devido a uma combinação de fatores internos e externos. Internamente, a instabilidade política e econômica tem contribuído para a desvalorização do real. A lentidão na aprovação de reformas econômicas, como a tributária e a administrativa, e a percepção de risco fiscal elevado têm gerado desconfiança entre os investidores.
A balança comercial brasileira também tem sofrido, com uma queda nas exportações de commodities como minério de ferro e petróleo, devido à menor demanda global. Isso reduz a entrada de dólares no país, pressionando ainda mais o valor da moeda americana.
As declarações e ações do presidente também têm um impacto significativo na cotação do dólar. Comentários que geram incerteza ou indicam instabilidade política podem levar à fuga de capitais, aumentando a demanda por dólares e elevando seu valor. Por outro lado, medidas que sinalizam compromisso com a responsabilidade fiscal e a estabilidade econômica podem ajudar a valorizar o real.
A linha do tempo ao lado mostra que a cotação do dólar é altamente sensível a fatores externos, como a política monetária dos EUA, e internos, como a estabilidade política e econômica do Brasil. A combinação desses fatores determina a confiança dos investidores e, consequentemente, a demanda por dólares. A alta do dólar reflete tanto a força da economia americana quanto as fragilidades da economia brasileira, destacando a importância de políticas econômicas sólidas e estáveis para mitigar os impactos negativos.
Escrito com Sara Nadur Ribeiro
Maurício Munhoz Ferraz é sociólogo e professor. Atua atualmente como assessor do conselheiro Sérgio Ricardo na presidência do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Foi superintendente federal de Agricultura e Pecuária no Estado de Mato Grosso, ocupou o cargo de secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso em 2022. Trabalhou também como consultor, diretor de pesquisas da Fecomércio-MT e professor de economia da Unemat. Tem mestrado em sociologia, é vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, membro do projeto governança metropolitana do Instituto de Pesquisa Economia Aplicada do Governo Federal (IPEA), vencedor do Prêmio Celso Furtado de economia e escreve nesta coluna com exclusividade aos sábados. E-mail: mauriciomunhozferraz@yahoo.com.br
FONTE: RDNEWS
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