Fed corta juros em 50 pontos-base – primeira redução em mais de quatro anos
Pela primeira vez em quatro anos, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) cortou os juros em 50 pontos-base (pb) nesta quarta-feira, 18. A decisão era uma das mais aguardadas pelo mercado, que ainda tinha dúvidas sobre a magnitude do corte.
Ao longo das últimas semanas, a plataforma FedWatch, do CME Group, que acompanha as expectativas do mercado, registrou diversas mudanças de cenários.
Após os relatórios ADP e Jolts, que mostraram uma criação de vagas de emprego abaixo do esperado, as apostas para um corte de 50 pb cresceram. Investidores temiam que o Fed tivesse mantido o aperto monetário por tempo excessivo, o que poderia resultar nesse enfraquecimento do mercado de trabalho mostrado pelos relatórios.
Entretanto, dias depois, a taxa de desemprego menor e o salário médio maior, divulgados junto com o payroll, acalmaram o mercado, que passou a precificar um corte de 25 bp. Somou a tese de uma redução menor o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) em linha com o esperado.
Um dia depois do CPI, o cenário se inverteu novamente – e se manteve até então – após uma reportagem do jornalista Nick Timiraos, publicada na última sexta-feira, 13, pelo Wall Street Journal, sugerir que os dirigentes do Fed ainda não haviam decidido a dimensão do primeiro corte.
As últimas projeções do FedWatch mostravam que 57% do mercado apostava em um corte de 50 pb, enquanto 43% apostava em um corte menor, de 25 bp.
De todo modo, o corte já era certo desde que o presidente do Fed, Jerome Powell, em seu discurso em Jackson Hole, deixou claro que chegou o momento de ajustar a política monetária e que esse corte pelo Fed iria ocorrer na decisão desta quarta.
Segundo o economista André Perfeito, o corte em maior escala também tem relação com a leitura pelo mercado de que Kamala Harris deve ser a próxima presidente dos EUA.
“A leitura da maioria dos economistas que cobrem EUA é que as políticas apresentadas por Trump seriam, pelo menos a curto prazo, inflacionistas. Este seria o caso em taxar importação ou mesmo interromper ou mesmo deportar em massa imigrantes”, explica o especialista.
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