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Santa Terezinha,22/10/2024

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Bombeiro diz que testemunhas se omitem: “Fica difícil pegar”

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Bombeiro diz que testemunhas se omitem: “Fica difícil pegar”
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O diretor operacional adjunto do Corpo de Bombeiros em Mato Grosso, tenente-coronel Rafael Marcondes, diz que é difícil conseguir punir autores de incêndios criminosos porque as pessoas preferem não se envolver e denunciar o autor do crime.


 




A gente consegue ir lá, apaga, mas não consegue identificar e fazer o flagrante e então passa impune



“As pessoas veem, sabem quem colocou, mas não se envolvem. E aí fica difícil pegar”, lamenta.


 


“A gente consegue ir lá, apaga, mas não consegue identificar e fazer o flagrante e então passa impune. E essa sensação de impunidade é que faz com que as pessoas continuem cometendo esse tipo de crime”, completa.


 


Para o militar, o que falta é as pessoas entenderem que começar uma queimada é um crime e denunciarem. Com toda a conscientização que há sobre os malefícios de se atear fogo na época de estiagem, grande parte dos incêndios ainda são criminosos.


 


“A gente pega no ato fazendo, como já pegou este ano vários, as pessoas foram conduzidas, presas e vão ser responsabilizadas. Queimar lixo, queimar terreno, juntar folhas e queimar, [tudo] isso é crime”.


 





 


Situação crítica


 


O estado de Mato Grosso está entre os 16 que enfrentaram a pior seca dos últimos 44 anos para o período de maio a agosto, de acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais), órgão do Governo Federal.


 


Este ano já foram aplicadas aqui mais de R$ 84 milhões em multas pelo uso irregular do fogo. Em área rural, com autorização, há um período do ano em que é permitida a queima, mas em zona urbana a queimada é proibida o ano todo.


 


“[Punindo] as pessoas vão sentir na pele que de fato isso é um crime e a pessoa que comete isso vai ser tratado como tal. Assim como o crime de furto, quem faz queimada urbana comete um crime. É um criminoso e precisa ser tratado no rigor da lei”, alerta o tenente-coronel Marcondes.


 


Diversos pontos de Mato Grosso enfrentaram em 2024 um dos piores anos quanto às queimadas e incêndios florestais, enquanto o estado enfrenta umas das piores secas da história. A grande maioria dos incêndios tem causa humana.


 


“A grande maioria das queimadas tem causa humana, intencional ou não. Então quando a gente fala de incêndio criminoso é o incêndio colocado de maneira intencional, mas a responsabilização, que é a questão das multas, ela independe se foi intencional ou não”.


 


Essenciais no combate aos incêndios nos lugares mais remotos do estado, os bombeiros trabalharam intensamente nos últimos meses enfrentando as mais adversas condições climáticas.


 


Hoje há 1.060 bombeiros que trabalham em revezamento, somados a brigadistas estaduais, municipais e reforços oriundos de parcerias federais com as agências ICMBio e Ibama.


 





 


Estiagem severa


 


A Capital Cuiabá ficou mais de 160 dias sem chuva, já no interior, mais de 50 cidades haviam declarado situação de emergência devido à seca. Em um decreto publicado no último dia 30 de agosto o Governo do Estado acabou decretando emergência no Estado inteiro devido à seca severa e aos incêndios florestais por 180 dias.


 




Embora passado pela pior crise climática dos últimos 40 anos, a gente não está passando pela pior temporada de incêndios



 


Para Marcondes, apesar de a seca ser mais severa agora, os incêndios não igualaram aos de 2020, que atingiram diversos pontos do estado e foram os piores da história do Pantanal.


 


“Este ano embora as condições climáticas sejam muito piores que 2020, na questão da seca, condições de chuva, estiagem [mais severa], mas com relação aos incêndios, a gente está muito melhor em relação ao número de focos, em relação à extensão de área queimada. Justamente isso reflete o trabalho todo o trabalho que foi feito previamente”.


 


O tenente coronel Marcondes ressaltou que hoje o estado passa pela pior estiagem e crise hídrica das últimas quatro décadas. O início de outubro foi o período mais crítico, porque eram muitos dias seguidos sem chuvas.


 


“Estávamos vivendo uma situação crítica que chamamos de ‘Triplo 30’. A gente fala que é a velocidade do vento acima de 30 km/h, temperaturas acima de 30 graus e a umidade abaixo de 30%”, disse.


 


“Dentro de Mato Grosso, quase todo o estado se enquadrava nesse cenário crítico. Então quando a gente olha o mapa de risco de incêndio no estado a gente vai ver que em outubro praticamente todo o estado estava com risco crítico”, completou.


 


A corporação faz todo um trabalho preventivo meses antes do período de estiagem. Neste ano, o Governo do Estado também decretou o período proibitivo antes do que normalmente é previsto e estendeu o prazo final do que é normalmente.


 


“Tudo isso [trabalho preventivo] tem gerado um resultado muito grande. Embora passado pela pior crise climática dos últimos 40 anos, a gente não está passando pela pior temporada de incêndios, já passamos por momentos piores”.


 


No momento, o Governo do Estado está com a Operação Abafa Amazônia 2024, com o objetivo de combater práticas que causam danos ambientais, tais como o desmatamento e o uso irregular do fogo nos municípios de Cláudia, Marcelândia, Santa Carmem e áreas adjacentes.


 





 


Dificuldades e técnicas


 


Dentre os inúmeros desafios enfrentados pelos brigadistas, que já encontravam um ambiente perfeito para o avanço do fogo, o Pantanal reserva mais uma característica que o torna ainda mais ‘inflamável’.


 




A queima prescrita consiste em fazer queimas já previstas em áreas estratégicas para se diminuir o volume de vegetação



 


O incêndio de turfa, também conhecido como fogo subterrâneo, é um tipo de incêndio florestal que acontece quando a turfa, que é um material orgânico resultado da decomposição de plantas em regiões úmidas e com pouca oxigenação como pântanos, queima.


 


“São incêndios que quando se iniciam demoram a se resolver. A gente controla, apaga aquele incêndio na superfície, mas ele fica queimando no subsolo”, explica.


 


O incêndio de turfa pode alcançar vários metros de profundidade no solo e permanecer queimando por dias e caso ainda encontre vegetação na superfície, pode ressurgir e se propagar.


 


 


 


“Isso exige uma vigilância constante. Uma vez que o incêndio inicia, a gente precisa manter a equipe lá por meses, para que a gente tenha a segurança de que aquele fogo não vai reacender e vai voltar a se propagar”, disse o tenente.


 


Dentre as técnicas utilizadas pelos bombeiros e brigadistas nos combates, está a queima prescrita. Entretanto, para ser feita, precisa ser avaliada a situação do local e ela só pode ser realizada por quem entende, para que não saia de controle.


 



Victor Ostetti/MidiaNews


Tenente Coronel Rafael Ribeiro Marcondes


O tenente-coronel Marcondes, em entrevista ao MidiaNews



 


“A queima prescrita consiste em fazer queimas já previstas em áreas estratégicas para se diminuir o volume de vegetação que vai crescendo ano após ano e o volume de combustível é muito grande. Se o incêndio chegar ali, vai ser muito severo”.


 


“Então quando o incêndio vem e encontra uma área que foi queimada previamente, ele tende a desacelerar ou até mesmo se extinguir. Então isso é feito em locais estratégicos para onde normalmente o fogo avança para que a gente consiga fazer a proteção”, diz.


 


Mas é preciso atenção e cuidado, pois a técnica é feita com acompanhamento e observando a direção do vento. Se um incêndio sai de controle, os brigadistas utilizam medidas de segurança.


 


“A área ou zona de escape é uma medida de segurança que deve ser adotada antes do início do combate, quando a gente vai se posicionar na linha de frente. Então todo mundo que está no cenário está consciente que se a situação se agravar, sabe para onde ir, sabe para onde se deslocar”, explica.


 


Nos últimos anos está perceptível que as secas estão ficando mais longas, portanto mais severas. No último ano, haviam queimadas no Pantanal até o mês de novembro, enquanto o normal é até setembro ou primeira quinzena de outubro.


 


 


Com isso, o desgaste físico e mental dos que trabalham na linha de frente também aumenta. Mais exaustão, mais deslocamentos, mais tempo longe da família. O tenente coronel Marcondes ressalta que faz parte e que os bombeiros são preparados para isso durante todo o ano.


 


“As pessoas agradecem, conseguem ver e reconhecer o trabalho e entendem que esse é um período muito crítico, uma estiagem muito severa. Tudo aquilo que tinha a disposição foi colocado para que a gente fizesse frente, conseguisse preservar o patrimônio, a vida e no final de tudo o meio ambiente”, encerrou.


 





FONTE: MIDIA NEWS




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