O publicitário Caco Mesquita, marqueteiro do candidato a prefeito de Cuiabá Abílio Brunini (PL), afirmou que os eleitores, ao optarem por Lúdio Cabral (PT), estarão escolhendo também quem o apoia, como o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).

E que esses apoiadores irão cobrar por espaço e ajudar numa eventual gestão do petista, fato que poderia lhe causar dificuldades. 

No primeiro turno, Abílio foi o mais votado com 126.944 votos (39,61%), enquanto Lúdio teve 90.719 (28,31%). Para a segunda etapa da disputa, Caco disse em entrevista ao MidiaNews que a ideia é mostrar ao eleitor a relação de “família” que o petista formou com Emanuel.

“Qualquer político traz consigo aqueles apoios e pessoas que o trouxeram até aquele ponto. A essa altura, é preciso mostrar às pessoas que a opção não é só pelo Lúdio, mas por quem vem com ele. É a história de que não se casa só com a pessoa, mas também com a família dela. Então estamos mostrando a família do Lúdio: Emanuel Pinheiro, PT… É de conhecimento público”, avaliou.

“Sempre há opção, mas para o Abílio é mais fácil exercê-la. Para o Lúdio, será muito mais difícil pelas alianças que ele fez para chegar à reta final. Pode trazer dificuldades à frente. Quando você vê pessoas ligadas ao Emanuel declarando apoio a Lúdio, não tem muito o que dizer. O texto está pronto para a gente”, acrescentou.

Caco ainda pontuou que a corrupção é um tema importante no debate eleitoral, especialmente após as 23 operações policiais contra a Prefeitura de Cuiabá.

“Na minha percepção, ainda é um tema forte. As pessoas podem não saber onde há desvio, mas sabem que algo acontece sobre um valor astronômico. E que, por exemplo, com R$ 500 milhões a mais na cidade, o buraco da rua estaria fechado. Eu poderia falar que o Emanuel é o grande vilão, mas não levaria a nada se não fosse uma percepção concreta”, completou.

“A bolha cresce”

Caco disse não se preocupar sobre ter que fazer Abílio conquistar eleitores além da direita, ou seja, “furar a bolha”. Ele considera que o candidato está expandido naturalmente a quantidade de apoiadores.

“É bastante natural que Abílio comece ter um grupo maior que se identifique com seu pensamento. Você começa a entender que essa bolha vai crescendo, por isso tenho dúvidas se precisamos estourá-la. É, mais uma vez, posicionar o candidato como algo que as pessoas possam confiar”, avaliou.

O marqueteiro também citou os conflitos e confusões vividos por Abílio no Congresso Nacional e considerou que estes fatos não impõem dificuldades para a candidatura a prefeito.

“O Abílio chegou ao Congresso Nacional, assim como chegará na Prefeitura, para defender aquilo que acredita. Ele não tem duas caras. Não vejo como um problema; a vida tem vários estágios e cada momento exige uma ação. O Abílio deputado tem uma ação, o prefeito terá outra”, completou.

Campanhas 

Formado em publicidade pela Universidade de Brasília (UnB), neste ano ele coordenou o marketing de candidatos a prefeito nas cidades de Cláudia, Diamantino, Sinop e Primavera. Todos venceram. Colíder foi a única em que seu assessorado perdeu.  Agora, aguarda o resultado do segundo turno com Abílio.

Caco contou que conheceu o candidato há poucos meses em Brasília, e percebeu potencial nele. Ele disse ainda que o maior desafio da campanha à distância foi unir o repertório da política nacional às especificidades cuiabanas.

“Conheci Abílio em abril deste ano. Foi algo imediato, porque conversamos e fiquei com a impressão de que a conversa não pararia ali. Deu para entender que ele tinha um potencial muito grande”, relatou.

“A grande vantagem de estar em Brasília é que você tem uma visão nacional e se obriga a entender as especificidades de cada Estado e cidade. A grande magia é juntar a cultura local e a experiência nacional, então você entende os posicionamentos necessários e como traduzir o conhecimento para o momento local”, concluiu.