Hospital que trocou bebês durante banho em maternidade é condenado após 29 anos em MT
O Hospital Santa Casa de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, foi condenado pela Justiça de Mato Grosso a pagar uma indenização de R$ 200 mil para dois jovens que foram trocados durante um banho coletivo na maternidade, quando nasceram em 1995. A troca só foi descoberta após 15 anos, no entanto, Leonardo dos Anjos e Wandré Pohl Moreira de Castilho só encontraram os pais biológicos depois de 23 anos.
Após a descoberta, as famílias entraram com uma ação pedindo indenização pela falha cometida pelo hospital, alegando “efeitos psicológicos sentidos pelos pais e filhos”. Na decisão da última sexta-feira (25), a desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho determinou o pagamento de R$ 100 mil para cada jovem por danos morais.
Em nota, o hospital afirmou que irá recorrer desta decisão, visto que entende que há provas no processo que demonstram que o hospital tomou todos os cuidados para identificação dos bebês, bem como pelo fato de que não foi provada a troca dos bebês dentro de suas dependências.
Um dos bebês nasceu no dia 13 de fevereiro de 1995, às 19h50, e outro no dia 14 de fevereiro de 1995 às 6h25. Conforme a decisão, não ficou comprovado como ocorreu a falha na prestação do serviço da maternidade, mas chegou-se à conclusão de que a troca dos bebês ocorreu durante o banho, que era realizado pelas enfermeiras.
“A maneira como ocorreu a troca dos bebês não importa, mas sim que esta ocorreu dentro das dependências do hospital. (…) Isso porque, o hospital sequer demonstrou que a época tomou todos os cuidados para evitar o infortúnio com as medidas necessárias para impedir a ocorrência”, disse a magistrada.
Descoberta a partir de brincadeira entre irmãos
A mãe Gislene Diogo da Silva tinha 14 anos quando teve o primeiro filho, Leonardo. No entanto, devido ao erro da maternidade, ela e o pai da criança, Sival Pohl Moreira de Castilho, criaram Wandré e só descobriram que não eram os pais biológicos quando o menino fez 15 anos.
Foi uma brincadeira da família que mudou a história do rapaz. Os irmãos diziam que Wandré não era parecido com os outros familiares, então decidiram fazer exames de DNA e descobriram que o adolescente não era filho biológico e Gislene e nem de Sival.
A história da família veio à tona depois que a mãe fez um post em uma rede social com o objetivo de entender o que aconteceu. Foram oito anos de procura até conseguirem localizar os pais biológicos de Wandré e encontrar o filho biológico de Gislene, o Leonardo.
“Meu mundo acabou. Eu nunca desconfiei que ele não fosse meu filho”, disse Gislene em entravista à TV Centro América, em 2018.
Por Stephane Gomes*, g1 MT
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