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Santa Terezinha,22/11/2024

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'Quase 100% da carne comprada pelo Carrefour França é produzida na França', diz gigante do varejo após declaração polêmica de CEO

g1.globo.com
'Quase 100% da carne comprada pelo Carrefour França é produzida na França', diz gigante do varejo após declaração polêmica de CEO
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Diretor-executivo global anunciou, na quarta-feira (20), a interrupção de compra de carne do Mercosul. Mas a medida, que vale apenas para os supermercados franceses, deve ter pouco impacto para Brasil e outros países do bloco sul-americano. Carrefour
Foto de SHOX art
"Quase 100% da carne comprada pelo Carrefour França é produzida na França", disse ao g1 a assessoria de imprensa do Carrefour Global nesta quinta-feira (21), um dia depois de o CEO da companhia, Alexandre Bompard, ter anunciado que as lojas do grupo iriam parar de comprar carne do Mercosul.
A fala provocou críticas do governo brasileiro e dos produtores rurais do bloco sul-americano.
Bompard não detalhou quais unidades da rede de supermercados adotariam a medida. Nesta quinta, o Carrefour Global explicou que a paralisação vale apenas para as lojas da França.
Apesar disso, quase a totalidade das carnes que as lojas do Carrefour na França compram é da própria França, conforme detalhou a companhia nesta tarde, após o g1 questionar a quantidade do produto adquirida pela companhia do Mercosul e do Brasil.
Portanto, a medida não deve ter grande impacto para os países do bloco (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
Fala de CEO e protestos na França
O anúncio do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, foi feito em suas redes sociais, em uma carta direcionada a um sindicado agrícola, durante o 3º dia consecutivo de protestos de agricultores franceses.
As manifestações ocorreram em meio à viagem de autoridades da UE para o Rio de Janeiro, onde participaram do encontro do G20, entre 18 e 19 de novembro.
Vinho despejado, estrume e bloqueios: agricultores franceses protestam
Os produtores rurais do país são contra o acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Um dos receios deles é de que o tratado torne os produtos agrícolas sul-americanos mais baratos no território, reduzindo a competitividade das mercadorias europeias.
O acordo, negociado há mais de 20 anos, é apoiado pelos governos da Espanha e Alemanha, mas sofre oposição do presidente da França, Emmanuel Macron.
Se aprovado, o tratado vai facilitar a entrada, na Europa, de mercadorias como carne bovina, frango, açúcar, milho e soja, produtos dos quais o Brasil é o maior exportador.
Agro e governo brasileiros reagiram
A medida anunciada pelo CEO do Carrefour Global repercutiu negativamente entre as associações brasileiras e sul-americanas do agronegócio, assim como no Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa).
Ainda na quarta-feira, o ministério declarou que vê protecionismo na ação da França e rechaça as declarações do CEO do Carrefour.
"O Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor", disse o Mapa.
O governo afirmou ainda que o Brasil atende aos padrões "rigorosos" da União Europeia e que o bloco compra e atesta, por meio de suas autoridades sanitárias, a qualidade das carnes do país.
O que disse o agro do Brasil
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) também lamentou a declaração de Bompard e disse que o posicionamento do CEO "é contraditório, vindo de uma empresa que opera cerca de 1.200 lojas no Brasil, abastecidas majoritariamente com carnes brasileiras".
A instituição destacou ainda que a medida coloca em risco o próprio negócio, uma vez que a produção local não supre a demanda interna.
Segundo a Abiec, em 2023, o Brasil respondeu por 27% das importações de carne bovina da União Europeia e o Mercosul, por 55%.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também lamentou o ocorrido e disse que os argumentos são equivocados ao afirmar que as carnes produzidas pelos países membros do Mercosul não respeitam os critérios e normas do mercado francês. "A argumentação é claramente utilizada para fins protecionistas", diz nota.
Produtores rurais do Mercosul também reagiram
A Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm) também repudiou, nesta quinta, a fala de Bompard.
"Os produtores rurais da Farm e suas entidades aqui representadas não aceitarão ataques injustificados e se reservam o direito de reagir de maneira firme, seja por vias econômicas ou institucionais, para proteger a imagem e os interesses do setor agropecuário de seus países."
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