Escala 6×1 em debate | RDNEWS
Rodinei Crescêncio
A escala de trabalho 6×1, presente na legislação trabalhista brasileira, estabelece seis dias consecutivos de trabalho seguidos de um dia de descanso. Essa prática, consolidada na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tem sido criticada por colocar um peso excessivo sobre os trabalhadores, limitando o tempo disponível para o descanso e para atividades pessoais. Nos últimos meses, a proposta para acabar com a escala 6×1 ganhou destaque com a apresentação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Essa PEC propõe mudar a configuração da jornada de trabalho, buscando uma reestruturação que permita uma distribuição mais equilibrada do tempo entre trabalho e lazer.
“Essa mudança também pode estimular a economia de consumo: trabalhadores com mais tempo livre tendem a consumir mais produtos e serviços, o que beneficia o comércio e a economia local”
Para os trabalhadores, o fim da escala 6×1 traria benefícios diretos à saúde física e mental. Estudos mostram que descansos regulares e um equilíbrio melhor entre trabalho e vida pessoal melhoram a qualidade do sono, reduzem o estresse e aumentam a satisfação pessoal. A flexibilidade adicional também permite aos trabalhadores desenvolver atividades fora do ambiente de trabalho, como passar mais tempo com a família, investir em educação ou até mesmo buscar oportunidades de geração de renda adicional, o que ajuda a melhorar a qualidade de vida.
Além dos benefícios para os trabalhadores, as empresas também poderiam se beneficiar com essa mudança. Trabalhadores mais descansados tendem a ser mais produtivos, o que impacta positivamente no desempenho e na qualidade dos serviços prestados. Um estudo citado por defensores da redução de jornada de trabalho apontou que, em países que já adotaram jornadas mais curtas ou semanas de trabalho reduzidas, a produtividade dos trabalhadores aumentou, bem como os índices de retenção de talentos. Dessa forma, além de potencialmente reduzir o absenteísmo, empresas com trabalhadores mais satisfeitos poderiam observar uma melhora na cultura organizacional e, consequentemente, na sua imagem no mercado.
Essa mudança também pode estimular a economia de consumo: trabalhadores com mais tempo livre tendem a consumir mais produtos e serviços, o que beneficia o comércio e a economia local. Especialistas indicam que, com mais tempo e menos desgaste físico, as pessoas se envolvem mais em atividades de lazer e entretenimento, o que gera um círculo virtuoso de estímulo econômico.
Embora o debate esteja em fase inicial e ainda precise de amplo apoio legislativo, a proposta reflete uma tendência mundial de repensar as jornadas de trabalho. Países como a Islândia, por exemplo, experimentaram jornadas mais curtas e observaram uma melhoria significativa na produtividade e no bem-estar dos trabalhadores, sem prejuízo para a produção geral. Essa abordagem traz à tona a reflexão de como a flexibilização da jornada pode beneficiar tanto empregadores quanto empregados e convida a sociedade a repensar a relação entre trabalho, produtividade e qualidade de vida.
O desafio, no entanto, reside em adaptar o modelo brasileiro às necessidades tanto dos empregadores quanto dos trabalhadores, preservando os direitos e garantindo um ambiente de trabalho sustentável para todos.
Escrito com Sara Nadur Ribeiro
Mauricio Munhoz Ferraz, é assessor do presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso, professor de economia. Foi secretário de Estado de ciência e tecnologia e adjunto de infraestrutura do governador Mauro Mendes, superintendente do Ministério da Agricultura em Mato Grosso e diretor do Instituto de pesquisas da Fecomercio. Mestre em sociologia rural, seu livro “o avanço do agronegócio” faz parte do acervo da Universidade Harvard, e seu livro “A lei kandir” na biblioteca do congresso, ambos nos Estados Unidos. Seu livro “Rota de Fuga, a história não contada da SS” esteve entre os 10 mais vendidos na Amazon e foi traduzido para o inglês, pela editora Chiado, de Portugal. Foi vencedor do prêmios internacional “empreedorismo consciente” do Banco da Amazônia e do nacional “Celso Furtado” do governo brasileiro.
FONTE: RDNEWS
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