Zanin aponta indícios de “empreitada criminosa” em diálogos de Zampieiri | RDNEWS
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, autorizou o prosseguimento das investigações contra o desembargador do Tribunal de Justiça (TJMT), Sebastião de Moraes Filho, no inquérito que apura o escândalo de venda de sentenças, descoberto após assassinato do advogado Roberto Zampieri. Ele foi alvo da operação Sisamnes, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (26).
Fellipe Sampaio /STF
Nos autos, o recorte feito sobre a atuação do desembargador expõe que diálogos do 11 de setembro de 2023, entre Zampieri e o contato Daysi Escritório sobre um cliente de nome José Pupin, que possuía uma ação em tramitação na Justiça e teria relação com Zampieri. Neste caso, foi localizada a minuta de contrato de R$ 12 milhões correspondente à “serviços advocatícios”.
Segundo a apuração inicial, Zampieri teria apresentado a demanda ao desembargador “com a intenção deliberada de obter influência em eventual decisão judicial a ser por este proferida”.
Em troca de mensagens entre Zampieri e Valdoir Slapak, o advogado relata que teve que “acomodar” o filho do desembargador, Mauro Thadeu Prado de Moraes, para obter êxito na “jogada”. Sendo assim, com base no diálogo, a hipótese criminal sustentada é de que há claro potencial de favorecimento como compensação de sucesso judicial pleiteado por Zampieri.
A acomodação teria ocorrido porque o filho do desembargador também estaria atuando em favor da outra parte, porém, seu pai, optou em receber vantagens de Zampieri. “O saldo era 400, mas aí teve o filho do velho que eu e você acertamos pagar 200 p [sic] ele, ele deixou de atender o filho que estava pedindo em favor do Allan. Não sei se recorda”, diz Zampieri em trecho interceptado.
O nome de Allan, citado por Zampieri, seria Alan Vagner Schimidel. Ele teria sugerido a Zampieri a “convencer Valdoir a fazer um acordo no processo de Pupin”, o que segundo a Polícia Federal, evidencia a interferência de que Alan representou a parte contrária, assim como um dos filhos do desembargador.
Para comprovar a proximidade entre o desembargador e Zampieri, também foram incluídas no processo troca de mensagens do 24 de novembro de 2023. O advogado enviou à Sebastião foto de barras de ouro de 400g.
Reprodução
Cerca de dois meses antes, o advogado disse ao desembargador, por mensagens que “o pagto da sobrinha foi feito” – consta o envio de R$ 10 mil. Para a polícia, “há indícios, de fato, de que este estaria sendo beneficiado por algum favor”.
Já no dia 04 de outubro de 2023, Zampieri relatou ao desembargador que teria conseguido “um contrato muito” para Mauro Thadeu Prado Moraes – filho de Sebastião. A medida seria uma tentativa de agradar o desembargador em virtude de um pedido “relevante” que Zampieri havia feito dois dias antes.
“Entendo que os indícios revelados até aqui se qualificam como suficientes para permitir o aprofundamento das investigações quanto ao narrado envolvimento de Sebastião de Moraes Filho na empreitada criminosa”, diz trecho do documento assinado pelo ministro do STF.
FONTE: RDNEWS
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