Mercado de franquias cresce 13,5% e fatura de R$ 273 bilhões em 2024
O setor de franquias no Brasil fechou 2024 com um crescimento de 13,5%, movimentando R$ 273 bilhões. O número superou a previsão da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que esperava uma alta de 10%. A entidade divulgou os dados nesta quarta-feira, 5.
“O mercado de trabalho forte e mais dinheiro circulando impulsionaram o faturamento do franchising. Mas esse resultado só foi possível porque as redes ajustaram suas operações e ofertas aos consumidores”, diz Tom Moreira Leite, presidente da ABF.
Mesmo com o faturamento em alta, a expansão das redes de franquias desacelerou. O Brasil fechou 2024 com 3.300 marcas franqueadoras, praticamente o mesmo número do ano anterior. O total de unidades em operação chegou a 197.709, um crescimento tímido de 0,9%.
Os segmentos que mais cresceram em 2024
O setor de entretenimento e lazer registrou a maior alta, com crescimento de 16,6%. A demanda reprimida da pandemia e a melhora do mercado de trabalho levaram mais consumidores a buscar experiências fora de casa. O movimento se refletiu em redes de parques indoor, trampolins, brinquedos interativos e até máquinas de pelúcia, que tiveram forte presença nos shoppings.
O segmento de saúde, beleza e bem-estar veio logo atrás, crescendo 16,5%. O envelhecimento da população, o avanço da telemedicina e o aumento da preocupação com estética impulsionaram o setor. Redes de clínicas de estética, beauty techs e empresas focadas em suplementos e produtos naturais se destacaram.
A alimentação também manteve sua força, mas com variações entre os segmentos. As franquias de food service cresceram 16,1%, beneficiadas pelo retorno ao trabalho presencial e pelo aumento do consumo de indulgência, como sorvetes e doces. Já as redes de comércio e distribuição de alimentos cresceram 14,7%, impulsionadas pelo aumento da massa salarial e pela busca por produtos de maior valor agregado.
Segmento | Crescimento em 2024 |
---|---|
Entretenimento e Lazer | 16,6% |
Saúde, Beleza e Bem-Estar | 16,5% |
Alimentação – Food Service | 16,1% |
Alimentação – Comércio e Distribuição | 14,7% |
Moda | 12,3% |
Serviços e Outros Negócios | 11,8% |
Casa e Construção | 10,9% |
Comunicação, Informática e Eletrônicos | 9,2% |
Educação | 8,7% |
Hotelaria e Turismo | 7,5% |
Limpeza e Conservação | 6,8% |
Serviços Automotivos | 5,9% |
Contratação segue como desafio
A dificuldade de abrir novas operações reflete um cenário econômico mais apertado. Com crédito caro e consumo instável, franqueadores priorizaram a eficiência operacional em vez de uma expansão agressiva. Algumas marcas optaram por fechar unidades menos rentáveis, enquanto outras adiaram planos de crescimento.
No mercado de trabalho, o avanço também foi modesto. O franchising emprega 1,7 milhão de pessoas, uma alta de 1%no ano. Mas a ABF aponta que a dificuldade de encontrar e reter mão de obra qualificada continua sendo um problema. Com o mercado de trabalho aquecido, franqueados enfrentam mais desafios para preencher vagas e manter funcionários.
Crédito caro e incerteza econômica preocupam
O maior obstáculo para o franchising em 2025 pode ser o acesso ao crédito. Com a taxa Selic ainda elevada, o financiamento para franqueados e novos investidores ficou mais caro e restrito.
“A atuação em rede traz vantagens como ganho de escala e compartilhamento de boas práticas, mas os desafios de crédito e consumo precisam ser monitorados”, afirma Tom Moreira Leite, presidente da ABF.
Além dos juros altos, a volatilidade do dólar também preocupa. Mudanças bruscas no câmbio podem aumentar os custos de importação de insumos, afetando segmentos como alimentação e saúde. O setor acompanha ainda o impacto de incertezas globais, que podem influenciar o apetite do consumidor e a capacidade de expansão das redes.
Ritmo menor em 2025
Diante desse cenário, a ABF projeta um crescimento menor para 2025. A previsão é de 8% a 10% de alta no faturamento, com um aumento de apenas 2% no número de unidades e empregos.
O franchising ainda mantém vantagem sobre o varejo tradicional, mas não está imune às dificuldades econômicas. Com crédito restrito e consumo instável, a expansão das redes pode perder fôlego nos próximos meses.
COMENTÁRIOS