Nossa relação foi destruída, diz diretor de 'Emilia Pérez' sobre Karla Sofía Gascón
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O cineasta francês Jacques Audiard, diretor de "Emilia Pérez", se pronunciou a respeito da fala sobre a disputa no Oscar e as publicações antigas feitas pela atriz Karla Sofía Gascón, que dá vida ao papel-título que foi indicado a 13 categorias do prêmio da Academia.
Gáscon recebeu uma onda de críticas por ter acusado "pessoas que trabalham no ambiente de Fernanda Torres" de organizar uma campanha difamatória contra o seu trabalho e o filme, e pelo teor preconceituoso e racista de diversas postagens feitas em seu perfil no X, principalmente entre os anos de 2021 e 2022.
"É muito difícil pensar no trabalho que fiz com Karla Sofía. A atmosfera excepcional que tínhamos no set, que de fato era baseada na confiança. E quando você tem esse tipo de relacionamento e de repente lê algo que essa pessoa disse, coisas que são absolutamente odiosas e dignas de serem odiadas, é claro que esse relacionamento é afetado. Porque o que Karla Sofía disse é imperdoável", diz o cineasta, que concorre ao Oscar de melhor diretor.
Audiard também afirma que não conversou com Gáscon desde o início da série de controvérsias e que não tem pretensão de fazê-lo no momento. Segundo ele, a artista está se comportando como uma vítima.
"Ela está em um caminho autodestrutivo no qual não posso interferir, e realmente não entendo por que ela continua. Estou pensando em como ela está ferindo os outros, em como ela está machucando a equipe e todas essas pessoas que trabalharam incrivelmente duro neste filme. Estou pensando em mim, estou pensando na Zoe [Saldaña] e na Selena [Gomez]."
Ele também afirmou que deve seguir participando dos eventos de campanha do filme, apesar de acreditar que as circunstâncias se tornaram tristes, e que não irá abrir mão do restante da equipe responsável por "Emilia Pérez".
Audiard se retratou a respeito de uma declaração em que afirmou que o espanhol seria a língua "dos países modestos, emergentes, pobres e de migrantes".
"Sou atraído por coisas que não pertencem ao domínio da minha língua nativa, e por acaso amo enormemente a língua espanhola. Agora, se você vai fazer um filme internacional, não há muitas línguas para escolher. Há o inglês e há o espanhol, e o espanhol é uma língua tão rica que atravessa fronteiras. O que foi dito sobre a minha declaração é exatamente o oposto do que penso. Trabalhei cinco anos neste filme e agora vê-lo ser denegrido desta forma é realmente demais", afirmou o diretor.
Ambientado no México mas filmado principalmente na França, o filme tem sido condenado nas redes sociais pela banalização de questões como a transição de gênero, o narcotráfico e a imigração.
Pessoas mexicanas têm expressado indignação com o que chamam de "representação estereotipada" de seu país e a "falta de autenticidade cultural" em "Emilia Pérez".
"Emilia Pérez" concorre ao Oscar em 13 categorias, que incluem melhor filme e melhor filme internacional e Gascón disputa o prêmio de melhor atriz com Fernanda Torres, Cynthia Erivo, Demi Moore e Mikey Madison. A premiação acontece na noite do próximo dia 2 de março.
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