Dólar opera em queda, com mercado atento a novos anúncios de Trump; Ibovespa cai

No dia anterior, a moeda norte-americana avançou 1,06%, cotada a R$ 5,8515. Já o principal índice da bolsa de valores caiu 0,41%, aos 124.519 pontos. Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar opera em queda nesta terça-feira (11), conforme investidores repercutem novos anúncios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e seguem temerosos de que uma possível recessão pode vir adiante no país.
A segunda-feira, classificada como um "dia sangrento" para os mercados por especialistas, já havia sido marcada por uma percepção generalizada de que os Estados Unidos devem passar por uma recessão econômica, uma das consequências dos juros altos no país por conta da inflação persistente, o que pode piorar pela política tarifária do presidente Donald Trump.
Além do cenário macroeconômico global, com foco nas tarifas de Trump e a reação da economia americana, o mercado também repercute a divulgação de novos indicadores econômicos no Brasil e nos EUA.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também opera em baixa.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Às 13h50, o dólar caía 0,34%, cotado a R$ 5,8315. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 1,06%, cotada a R$ 5,8515.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,06% na semana;
queda de 1,09% no mês;
perdas de 5,31% no ano.
a
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,30%, aos 122.898 pontos.
Na véspera, o índice teve baixa de 0,41%, aos 124.519 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
recuo de 0,41% na semana;
alta de 1,40% no mês; e
ganho de 3,52% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Na agenda econômica desta terça-feira, o destaque doméstico fica com os dados de produção industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em janeiro, a indústria brasileira registrou uma variação nula — ou seja, de 0% — em relação ao mês anterior, depois de reportar três meses consecutivos de queda. Em relação a janeiro do ano passado, porém, a produção industrial avançou 1,4%, e acumulou alta de 2,9% em 12 meses.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, os números indicam que a indústria brasileira inicia 2025 "em ritmo fraco" e com sinais de que todo o primeiro trimestre pode ser desafiador.
"No geral, esse resultado reforça o cenário de desaceleração gradual da economia, com a indústria ainda enfrentando desafios para recuperar a queda acumulada de 1,2% nos últimos quatro meses", comenta Igor Cadilhac, economista do PicPay.
No exterior, o mercado aguarda a divulgação de novos dados do mercado de trabalho dos EUA.
Tarifaço de Trump
Apesar de um dia mais ameno nos mercados, porém, a política tarifária de Trump continua no radar.
Em entrevista à Fox News no último domingo (9), Trump não descartou uma recessão e um aumento de preços no "período transitório" (de implementação) de suas medidas, e minimizou as preocupações das empresas com a falta de clareza de suas políticas tarifárias.
O presidente norte-americano tem constantemente ameaçado os principais parceiros comerciais do país com a implementação de tarifas de importação, mas também tem recuado de suas medidas com certa frequência.
Na última semana, por exemplo, Trump voltou a isentar as tarifas de 25% anunciadas sobre as importações do Canadá e do México durante um mês. A decisão veio após os dois países prometerem uma série de retaliações aos EUA pelas taxas impostas.
Antes, o republicano já havia adiado as tarifas, após ter feito um acordo com os dois países para que reforçassem a segurança de suas fronteiras.
O vai e vem das tarifas de Trump tem aumentado as incertezas comerciais, com dúvidas sobre quais tarifas prometidas realmente entrarão em vigor e temores de que uma nova guerra comercial afete a inflação e o crescimento dos EUA e de vários outros países pelo mundo.
Nesta segunda-feira (10), por exemplo, o chefe de comércio da União Europeia (UE), Maros Sefcovic, afirmou que viajou a Washington no mês passado com o objetivo de iniciar um diálogo e evitar "sofrimento desnecessário de medidas e contramedidas".
Ele destacou, no entanto, que apesar de os dois lados terem identificado algumas áreas de benefícios mútuos a serem buscadas, o governo Trump não parece interessado em negociações para evitar um conflito comercial com o bloco europeu.
"No final, uma mão não pode bater palmas sozinha. O governo dos EUA não parece estar se empenhando em fazer um acordo", afirmou Sefcovic.
Diante de todo esse cenário, fica no radar o indicador de expectativas de inflação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, que indicou que os norte-americanos ficaram mais preocupados com as perspectivas econômicas em fevereiro.
Ainda segundo a Pesquisa de Expectativas do Consumidor da instituição, a inflação daqui a um ano é vista em 3,1%, um pouco acima da leitura de 3% de janeiro, enquanto o nível projetado de inflação para daqui a três e cinco anos ficou inalterado em relação a janeiro, em 3%. O Fed tem como meta uma inflação de 2%.
Ainda no exterior, dados de inflação ao consumidor na China ficam no radar. Os indicadores foram divulgados no final de semana e vieram abaixo do esperado, apontando para uma tendência deflacionária persistente no país.
*Com informações da agência de notícias Reuters
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