Tarifas de Trump sobre aço e alumínio atraem retaliações do Canadá e da Europa; veja respostas pelo mundo

Cobrança de taxa de 25% sobre todas as importações dos metais dos Estados Unidos entrou em vigor nesta quarta-feira (12). Donald Trump
REUTERS/Evelyn Hockstein
O aumento de tarifas do presidente Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio dos Estados Unidos passou a valer nesta quarta-feira (12) e atraiu rápidas retaliações do Canadá e da Europa.
A ação de Trump restaura tarifas efetivas de 25% sobre todas as importações dos metais e estende os impostos a centenas de produtos derivados, de porcas e parafusos a lâminas de escavadeira e latas de refrigerante.
Um dos países afetados será o Brasil, que é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA. Diante disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica do governo está estudando medidas para proteger o setor siderúrgico brasileiro. (leia mais abaixo)
Ainda na madrugada, horas depois de a medida de Trump entrar em vigor, a Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia responsável por coordenar questões comerciais, respondeu dizendo que vai impor tarifas compensatórias sobre até 26 bilhões de euros (US$ 28 bilhões) em produtos dos EUA a partir do mês que vem.
No Canadá, uma autoridade que não quis ser identificada disse à Reuters que o país vai anunciar 29,8 bilhões de dólares canadenses em tarifas retaliatórias nesta quarta-feira.
Veja abaixo como vários países reagiram às tarifas de Trump.
Canadá
O Canadá é o maior fornecedor de aço para os EUA. Em 2024, o país foi responsável por fornecer 6 milhões de toneladas do metal ao mercado norte-americano, de acordo com o Departamento de Comércio dos EUA.
Depois que Trump anunciou as taxas de 25% sobre os produtos, em resposta, a província de Ontário disse que iria impor uma tarifa do mesmo percentual sobre a eletricidade exportada para os EUA.
Mas o presidente norte-americano ameaçou o país com a duplicação da taxa para 50% sobre suas exportações de aço e alumínio. O Canadá, então, suspendeu a medida, e Trump recuou da cobrança extra.
Agora, uma autoridade que não quis ser identificada disse à Reuters que o Canadá vai anunciar 29,8 bilhões de dólares canadenses em tarifas retaliatórias nesta quarta-feira. A agência vai transmitir um anúncio de três ministros do país no início da tarde.
Brasil
Após participar de uma reunião com representantes do setor do aço em Brasília, o ministro Fernando Haddad afirmou que o governo está estudando medidas para proteger o setor siderúrgico brasileiro diante do aumento das tarifas.
Segundo ele, a equipe econômica já está analisando propostas trazidas pelo setor, e a mesa de negociação com o governo americano está aberta.
"Vamos tratar na base da reciprocidade os entendimentos, mas colocando em primeiro lugar a mesa de negociação está aberta já com o governo americano, e que foi bem sucedido em outros momentos do passado recente quando atitudes semelhantes foram tomadas e revertidas em benefício do comércio bilateral", afirmou o ministro Haddad a jornalistas.
'Tarifaço' de Trump: os impactos das taxas sobre aço e alumínio para o Brasil
China
A China tomará todas as medidas necessárias para proteger seus direitos e interesses, disse o Ministério das Relações Exteriores chinês nesta quarta-feira, depois do aumento das tarifas sobre as importações de aço e alumínio dos EUA.
A medida norte-americana violou as regras da Organização Mundial do Comércio, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em uma entrevista coletiva.
Alemanha
O chanceler alemão Olaf Scholz criticou a política comercial dos Estados Unidos nesta quarta-feira e disse que a União Europeia responderia rapidamente às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
"Precisamos de menos barreiras comerciais, não mais, e é por isso que acho que as regulamentações alfandegárias dos EUA estão erradas", disse Scholz em uma entrevista coletiva em Berlim ao lado do presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa.
Reino Unido
O Reino Unido não retaliou imediatamente às tarifas de Trump sobre importações de aço e alumínio, embora o primeiro-ministro Keir Starmer tenha dito que estava decepcionado com a medida e que todas as opções permaneciam sobre a mesa.
A Grã-Bretanha esperava evitar tarifas sobre seu setor siderúrgico, que é pequeno, mas produz produtos especializados para defesa e outras indústrias. Trump disse no mês passado que os dois países podem chegar a um acordo comercial bilateral que evitaria impostos.
"Como todo mundo, estou decepcionado em ver tarifas globais em relação ao aço e ao alumínio, mas adotaremos uma abordagem pragmática", disse Starmer ao parlamento.
Austrália
O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese disse nesta quarta-feira que as tarifas dos EUA sobre o aço e o alumínio australianos eram injustificadas, mas seu governo não retaliaria com suas próprias tarifas.
No mês passado, Trump disse que estava considerando uma isenção tarifária para a Austrália, um parceiro do tratado de livre comércio que tem comercializado com os Estados Unidos com déficit há décadas.
Suíça
A Suíça está acompanhando de perto o impacto das tarifas dos EUA impostas pelo presidente Donald Trump e está tentando falar com autoridades do país, disse o governo nesta quarta-feira.
Os dois países são parceiros econômicos próximos, afirmou a Secretaria de Estado para Assuntos Econômicos (SECO) em um comunicado, com Berna dizendo que deseja manter o "melhor acesso possível ao mercado".
Japão
O secretário-chefe de gabinete do Japão, Yoshimasa Hayashi, disse que a medida poderia ter um grande impacto nos laços econômicos entre os dois países, mas não anunciou represálias até o momento.
*Com informações da agência Reuters e Associated Press.
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