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Santa Terezinha,14/03/2025

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Análise: Putin está pronto para um cessar-fogo ou está apenas ganhando tempo?

g1.globo.com
Análise: Putin está pronto para um cessar-fogo ou está apenas ganhando tempo?
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A Rússia está pronta para interromper o conflito, afirma Vladimir Putin, mas ele diz que haver 'nuances' — e essas nuances não são banais. As 'nuances' citadas por Putin sobre proposta de cessar-fogo não são nada banais.
Getty Images via BBC
A Rússia está pronta para parar o conflito na Ucrânia, disse Vladimir Putin nesta quinta-feira (13/03) — mas "há nuances", acrescentou.
Essas nuances que ele expôs antes de conversas com enviados dos Estados Unidos ao Kremlin são tão importantes para ele que podem acabar com qualquer esperança de um cessar-fogo de 30 dias.
São exigências que Putin sempre demonstrou desde o início da invasão em larga escala da Rússia à Ucrânia em 2022.
Para a Ucrânia e seus parceiros ocidentais, muitas delas se revelarão inaceitáveis ​​ou impossíveis de cumprir.
"Concordamos com as propostas para cessar as hostilidades", começou Putin, em tom positivo, para então acrescentar: "Essa interrupção deve ser tal que leve à paz a longo prazo e elimine as causas que são raízes desta crise."
Ninguém discordaria da necessidade de paz no longo prazo, mas a percepção de Putin sobre as raízes da guerra tem a ver com o desejo da Ucrânia de existir como um Estado soberano, escapando da órbita russa.
A Ucrânia quer fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia — metas encravadas em sua Constituição.
Kremlin fala em 'otimismo cauteloso' por proposta dos EUA; enviado especial transmitirá mensagem de Putin a Trump
O presidente americano Donald Trump já lançou dúvidas sobre a esperança da Ucrânia de se filiar à Otan e Putin várias vezes rejeitou a caracterização da Ucrânia como um Estado.
E isso está por trás de muitas das nuances que Putin apontou na proposta de cessar-fogo.
Ele quer impedir a Ucrânia de reforçar seu exército e reabastecer seu estoque de armas, de forma a não ter mais ajuda do Ocidente.
Putin quer saber quem garantiria que isso seria cumprido.
Desde o início desta guerra, ele exige a "desmilitarização" da Ucrânia, o que é uma maldição para Kiev e seus aliados.
Em essência, Putin está buscando garantias de segurança ao contrário.
Soldado russo caminhando em Malaya Loknya, Kursk — área onde ações recentes de Moscou têm animado Putin.
Ministério da Defesa da Rússia via Reuters
A Rússia concordaria em parar de rearmar ou mobilizar suas forças? Isso parece implausível e não houve indício de qualquer concessão por parte de Putin enquanto ele se dirigia aos repórteres no Kremlin.
O presidente russo acaba de voltar de bom humor da linha de frente em Kursk, uma região de fronteira russa que foi parcialmente ocupada pela Ucrânia desde agosto do ano passado.
A Rússia tem a vantagem em Kursk. Putin claramente sente que está negociando a partir de uma posição privilegiada, e não quer perdê-la.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta quinta-feira que suas forças reassumiram o controle total da maior cidade que os ucranianos conseguiram tomar, Sudzha.
Por que a Rússia pararia agora?
O mesmo aplica-se a toda a linha de frente de 1.000 km onde, segundo Moscou, as tropas russas estão avançando praticamente em todos os trechos.
Esse não é o caso, pois a maior parte da linha de frente está em disputa, mesmo que a Rússia tenha tido algum sucesso recente no leste.
Putin acredita que um cessar-fogo de 30 dias privaria a Rússia de sua vantagem e permitiria que os ucranianos se reorganizassem e se rearmassem.
"Quais são nossas garantias de que não será permitido acontecer isso?", ele perguntou, retoricamente.
Até o momento, não foi oferecido nenhuma proposta plausível para garantir que os termos de qualquer cessar-fogo se mantivessem.
Embora 15 países ocidentais tenham oferecido provisoriamente tropas de manutenção da paz, elas só viriam no caso de um acordo de paz final, não de um cessar-fogo.
Não que a Rússia permitiria esse arranjo de qualquer maneira.
Dadas todas essas "nuances", Putin parece cético sobre como um cessar-fogo poderia beneficiar a Rússia, especialmente quando suas tropas estão na linha de frente.
Na agenda da noite desta quinta-feira, estava previsto um encontro de Putin com os enviados de Trump a Moscou, especialmente Steve Witkoff.
O que quer que aconteça nessas conversas, Putin sabe que, no final das contas, seu diálogo mais importante será com o presidente americano.
"Acho que precisamos falar com nossos colegas americanos... Talvez ter um telefonema com o presidente Trump e discutir isso com ele", disse Putin.
Mas o presidente russo já estabeleceu sua posição antes dessas conversas com os americanos — com a mensagem de que o caminho para um cessar-fogo está cheio de condições quase impossíveis de cumprir.
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